Existem muitas razões para mudar de país. Alguns vão atrás de melhores oportunidades, outros para aprender um idioma. Alguns para estudar. O importante é ter muito claro seus motivos, conhecer bastante sobre o país de destino e se programar bem pra não fazer uma escolha errada.
Seja qual for a sua vontade, existem alguns pequenos conselhos que valem pra todos. Muito além do preparo financeiro ou dos passaportes, é importante entender que é uma experiência também muito difícil, que suas razões devem ser muito fortes e ter certeza de que essa é a melhor decisão, de acordo com o que você quer.
A vida de estrangeiro X vida de turista
Antes de tudo, você precisa saber sobre o país que você quer ir. Leia muito, entre em contato com pessoas que vivem lá, ou que viveram. Normalmente o brasileiro que mora fora costuma ser bem solicito a ajudar os outros brasileiros. Eu sempre tive boas experiências quando fazia contato com essas pessoas. Elas têm outra visão, diferente da de um turista. Elas pagam contas, conhecem as burocracias, trabalham, sabem como é ser estrangeiro, estão acostumadas com a rotina de acordo com a cultura do lugar. Isso faz toda a diferença quando você chega.
Você pode achar o país lindo, tudo funciona bem e a economia é estável. Mas viver lá pode não ser tão fácil assim. Em alguns países, conseguir emprego não é fácil para um estrangeiro. Em outros, como no caso da Argentina, o fato de você falar português ajuda muito, principalmente se você estiver disposto a trabalhar como telemarketing, ou como garçom em algum restaurante turístico. Existem muitas vagas nessas áreas para nativos em português, mas também já encontrei muitas vagas pra brasileiros como atendimento ou social mídia em agências de publicidade, por exemplo.
Outro ponto importante é o custo de vida. Mesmo se você for com suas economias, ou se você vai receber uma grana mensal enviada do Brasil, você precisa entender bem como é a vida lá. Faça as contas: aluguel, transporte, comida, despesas, curso, enfim. Converta tudo pra nossa moeda e analise quanto tempo você sobrevive lá com isso e sem trabalho. Sim, porque com certeza você vai ficar um tempo percorrendo a cidade até se adaptar, encontrar um bom lugar pra viver e um trabalho legal.
Vistos e passaportes
Outra coisa muito importante, é entrar no país legalmente. Alguns países exigem, além do visto, que você tenha uma grana no banco, passagem de volta e até documentos de matrículas ou comprovantes de residência. Felizmente não é o caso da Argentina.
Para entrar lá você não precisa de visto. Você ganha 90 dias por causa do acordo com o MERCOSUL. Por causa dele também fica muito fácil pedir residência. Você só precisa reunir os papéis que eles exigem e pedir o DNI. (Veja mais sobre o visto no post Como tirar o visto na Argentina).
Dependendo do país esse processo pode ficar até meio caro, então é importante levar tudo isso em conta antes de ir. Além do que você já pode sair do Brasil com todos os documentos exigidos pra não perder tempo. Em alguns casos, é possível tirar o visto no Brasil, na embaixada do país de destino. Na Colômbia, por exemplo, você pode ir ao consulado do Brasil, e em alguns dias você recebe seu RG em casa, deixando pra tirar aqui somente o CPF.
Escolha certa
Despois das questões mais práticas, você precisa ter certeza da sua escolha pessoal. É preciso estudar bem o processo: esse país é mesmo a melhor opção para o que eu procuro? Eu realmente preciso de uma mudança tão grande pra realizar esse sonho?
Quando eu fui para Argentina, tinha pouca coisa muito clara. Eu sabia que queria sair do Brasil, passar uma temporada sozinha. Eu precisava mudar de ambiente, e sempre sonhei em viver fora daqui. Minha primeira opção era Espanha. Eu sabia que queria estudar espanhol, isso eu tinha certeza. Devido aos problemas burocráticos da época (entre 2011 e 2012 as relações entre Espanha e Brasil andavam meio balançadas, e eles exigiam mil coisas pra você pode entrar no país, e estavam deportando muitos brasileiros), acabei optando pela Argentina. Lá eu precisaria de menos dinheiro, é muito mais perto de casa, e eu ainda poderia estudar criatividade em alguma escola de publicidade, e a escolhida foi a Brother (eu falo mais sobre isso neste post). Um amigo me ajudou muito na escolha, ele já tinha vivido lá e me aconselhou a ir.
Não poderia ter feito escolha melhor, até porque hoje meu objetivo é voltar. Simplesmente me apaixonei, mas posso dizer que passei alguns perrengues. Pela proximidade da língua, eu achei que não teria muito problema em me comunicar. Realmente não tive, até o dia em que saquei uma grana no banco Itaú, e ela não saiu no caixa, mas foi debitada na conta. Nenhuma das meninas que viviam comigo falava bem o espanhol, e eu menos. No fim, gastei horrores em ligações pro banco aqui no Brasil, pra depois entender que isso podia acontecer e que no dia seguinte a grana voltava pra minha conta.
Pra mim, foi uma escolha muito boa, mas sinto que se eu estivesse ido mais segura de tudo, não teria me mudado pra Colômbia um ano depois (isso também vai merecer um post à parte). Essas meninas que viviam comigo voltaram pro Brasil. Algumas não conseguiam entrar na faculdade, outras não levaram muito à sério a vida longe de casa. Acho que somente duas seguiram na medicina.
Falando especificamente sobre Buenos Aires, lá é uma cidade linda. A qualidade de vida é ótima, as pessoas são muito educadas e solicitas com os brasileiros. Mas entrar na faculdade não é tão fácil por não ter vestibular. Trabalhar lá pode te pagar menos do que você imagina e o custo de vida hoje em dia é alto.
Dependendo do curso, vale muito a pena ter um diploma de lá, como Moda por exemplo, que é muito bem conceituado. O importante é ir sabendo que você precisa pensar em tudo isso. Mas sempre entender que uma experiência em outro país é gratificante, te faz crescer muito como pessoa, mas precisa ser pensada. A saudade vai doer, você vai pensar em voltar, se algo não der muito certo você vai querer sair correndo pro cola da família. Mas se você estiver bem, seguro da sua escolha e com tudo sob controle, vai aprender a conviver com esses sentimentos.
O objetivo desse blog é ajudar as pessoas nessa escolha, ajudar a entender como são esses processos e conhecer um pouco de como é a vida lá.
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